terça-feira, 7 de abril de 2009

Distúrbios Comportamentais

Certa vez, quando eu entrei no consultório de um homeopata, reparei em uma caixa de brinquedos em um canto da sala. Eram daqueles brinquedos simples, que existiam na década passada, e todos que brincaram com eles cresceram normalmente e sem traumas. Apesar disso não os encontramos com facilidade hoje em dia, eles não estimulam as crianças corretamente. Jogos eletrônicos, geralmente violentos, e brinquedos cheios de luzes e que correm com um conjunto de 4 pilhas médias, e acabam brincando sozinhos, são mais adequados, só não sei para quem.

Espantado com a minha admiração por aqueles brinquedos, o médico me disse que a função deles ali era auxiliar no diagnóstico. A reação da criança frente ao brinquedo fornece informações importantes ao examinador. Se ela não brinca, permanece apática na sala de consulta, podemos dizer que está doente. Mas se a criança, ao invés de brincar, destrói os brinquedos, temos um sinal de que quem está doente são os pais, que não conseguem impor limites aos filhos.

É interessante reparar como a pediatria e a veterinária são parecidas. Usando este ponto como exemplo, é possível reparar quando a doença de um animal é verdadeira, ou quando é causada por faltas dos donos. Os animais, é claro, possuem suas personalidades, e todos que convivem com eles atestam isso. Porém, existe um limite entre personalidade forte de um animal e doença, de qualquer origem que seja. Animais que sejam mais ativos ou irritados de maneira inata são comuns, assim como as pessoas possuem suas características, mas em algumas situações esses traços exedem limites, e se tornam problemas para os donos.

Algumas vezes, os proprietários criam seus bichos da mesma maneira que os pais doentes o fazem com seus filhos. O excesso de permissões e a falta de limites criam animais tão mimados quanto crianças mantidas no mesmo regime, e todos devem saber o que se torna uma criança educada (ou não) neste sistema. É verdade que existem outras formas de criação inadequada, mas esta parece ser a mais comum. Já outras vezes, mesmo sob uma disciplina adequada, que inclui tanto carinho pelo animal como também reforça a gravidade dos erros cometidos, alguns animais acabam criando doenças psicológicas, como agressividade ou carência afetiva exagerada.

A diferença entre esses dois modos de desvio comportamental é a maneira como deve ser corrigida. No primeiro caso, o principal fator é a mudança de hábitos dos proprietários. Isto só servirá para corrigir a "doença" comportamental, e não será necessário o uso de medicamentos para este fator. Já no segundo caso, os remédios são necessários para se obter a cura, pois o comportamento do animal denota um desequilíbrio de sua saúde, que só poderá ser reestabelecido desta maneira.

Cabe ao veterinário observar cada caso e decidir o que é importante de se tratar, assim como fazer as devidas recomendações , sempre levando em conta a realidade dos proprietários.